Nappily Ever After, em português "Agarra-te à vida, não ao cabelo", é um romance, baseado num dos livros de Trisha R. Thomas, e transmite uma mensagem que, a meu ver, é muito importante.
A história retrata o processo de autodescoberta de Violet Jones, uma publicitária com carreira de sucesso que desde criança vê a sua afro reprimida pela sua mãe e pela sociedade. Tornou-se uma mulher negra com vergonha das suas raízes, obcecada pela perfeição e por agradar aos olhares masculinos racistas. O que fez dela uma pessoa sem espontaneidade, que não aproveita a vida, onde no seu dia a dia tem a água e a humidade como inimigos, e tudo gira à volta das pranchas e das tocas para dormir. Mas uma mudança no rumo da história levou-a a seguir novos caminhos.
Mais do que uma história de amor entre uma mulher e um homem, é a descoberta do amor próprio. E, apesar de não ser um filme digno de Oscar, vale a pena ver, tal como disse, pela mensagem.
Durante demasiado tempo, as mulheres negras sofreram discriminação não só pela cor da pele, mas também pelo cabelo. A sociedade estabeleceu padrões - como os cabelos lisos - que impedia estas mulheres de usufruir das suas características naturais, afetando assim a autoestima, como se de um terrível defeito se tratasse. Nos dias de hoje, as mulheres ainda são julgadas pelo cabelo, seja pelo tamanho, formato ou cor. Ainda existe um estigma social muito grande em relação aos cabelos crespos, no entanto, também é visível a crescente quantidade de mulheres que o assumem, e essa é a grande vitória, tanto a nível cultural, mas sobretudo a nível pessoal. É assumir as nossas características, aquilo que faz de nós seres únicos, mas não menos dignos.
Também eu já achei os cabelos encaracolados, como tenho, horríveis. Ninguém no meu círculo de amigos os tinha e, para além disso, não andavam bem cuidados, porque as mulheres da minha família não tinham caracóis nem sabiam tratar deles. Durante 2 ou 3 anos andei sempre esticado e acabou por ficar bastante estragado com tantos tratamentos que fiz para tirar os caracóis, mas que de pouco serviram. E ainda bem. Hoje adoro-os. Gosto deles pela vontade própria que têm, mas também porque são uma característica minha. No entanto, ainda hoje me perguntam "Por que não o esticas?" ou comentam em tom de reprovação "Isso deve dar tanto trabalho". É lamentável.
Não conhecia :P
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