Sociedade | Natal

O Natal, para mim, é das épocas mais bonitas do ano, pela inocência e pela magia que lhe é inerente. E, cada vez mais sinto isso. Vivemos num mundo onde tudo é uma correria, onde o digital tomou conta das nossas vidas, basta que nos sentemos numa esplanada qualquer para percebermos isso, que as pessoas estão cada vez mais ligadas por uma rede social qualquer, do que propriamente com os verdadeiros laços da amizade e do afeto. As crianças sabem cada vez menos ser crianças e, em grande parte, a culpa é dos adultos.

Diz-se que o Natal é especialmente das crianças e eu concordo. É a época do ano onde os valores, como a importância da família e a bondade estão presentes em todo o lado. Mas também sei que esses valores vieram-se a perder ao longo do tempo, infelizmente. Desde quando é que começou a fazer sentido dar um smartphone topo de gama ou um iPad a uma criança, ou uma quantia exagerada de dinheiro, se no final de contas não aprendem que na vida tudo tem um custo? De que serve dar-lhes material para se entreterem facilmente com um jogo ou um vídeo qualquer, se não sabem brincar? Eu lembro-me de delirar quando me ofereciam livros, Legos ou jogos de tabuleiro. A meu ver, estes continuam a ser os melhores presentes que se pode dar a uma criança, já que estimulam a criatividade e podem ser jogados em família.

As crianças de hoje já não acreditam no Pai Natal, ou já não se interessam pelas suas histórias. Já não correm pela casa. Já não são capazes de deixar o telemóvel por um dia e desfrutar de tudo o que o Natal tem de bom - a família reunida à mesa, os filmes e jogos em família. E se mudássemos isso neste Natal? E se nós próprios deixássemos as redes sociais, nos juntássemos na cozinha com as nossas avós para preparar os doces, ou no sofá com os mais pequenos numa maratona de filmes? Se assim fosse, acredito que seria um Natal mágico.