Já li imensos livros sobre a II Guerra Mundial ou que de alguma forma se relacionam com este tema e, infelizmente, apercebo-me que há imensas coisas escondidas, factos que nunca iremos descobrir. Há relatos e relatos da vida antes e durante a Guerra, dos Campos de Concentração, há imensas histórias sobre o que aconteceu aos judeus que conseguiram sobreviver àqueles campos desprovidos de humanidade às mãos dos nazis... mas o que aconteceu com estes que durante anos defenderam os ideais nazis? Se por um lado foi feita justiça rapidamente, noutros casos esta tardou em chegar ou nunca aconteceu.
Assumido pelo autor como uma biografia romanceada, pois só esta forma o permitiria chegar o mais perto possível da trajetória do médico nazi, uma vez que há muitas zonas de sombra no seu percurso, "O Desaparecimento de Josef Mengele" não procura apenas expor a sua vida desde o fim da II Guerra Mundial, mas colocar-se na pele do médico conhecido como Anjo da Morte e perceber a substância do homem, do nazi convicto e das sociedades que, na época, o protegeram - as ditaduras da Argentina e do Brasil.
Mengele foi um sinistro médico que causou sofrimento sem piedade a milhares de pessoas que por Auschwitz passaram, em nome da medicina e da raça ariana, sendo que no final da Guerra se conseguiu esconder na América do Sul durante muitos anos graças ao dinheiro da sua família e da cumplicidade com os governos locais. Isto permitiu que o Anjo da Morte vivesse nas melhores condições durante vários anos, até que a doença, os seus demónios e o isolamento o devoraram.
Vivemos numa altura em que os populismos estão a ganhar força e é importante que nunca nos esqueçamos dos erros do passado. Olivier Guez termina assim:
"A cada duas ou três gerações, quando a memória se esvai e quando as últimas testemunhas dos massacres precedentes desaparecem, a razão eclipsa-se e os homens recomeçam a espalhar o mal".
Um livro que me acompanhou na visita aos Campos de Concentração de Auschwitz.
Sem comentários:
Enviar um comentário