Cinema | Os Dois Papas


O controverso Papa Bento XVI reúne-se com o Cardeal Jorge Bergoglio - hoje conhecido como Papa Francisco -, numa época um tanto escandalosa para a igreja católica, marcada pela descrença na própria entidade, ambos com visões opostas sobre o que deveria ser o caminho e a imagem da igreja.

A passagem de um Papa tradicional e conservador, que já havia habituado as altas vozes da igreja católica, como Bento XVI, que renuncia ao cargo para dar lugar a um Papa liberal e progressista como o atual, com o aval do primeiro, tornou o momento da sua saída ainda mais inesperado e misterioso. Ambos tinham as suas divergências de ideias quanto à igreja e à fé, e estas eram conhecidas. Este documentário, Os Dois Papas, retrata os encontros onde o Papa Bento XVI tentava encontrar pontos de convergência com o então Cardeal, de modo a que este lhe pudesse suceder após a sua renúncia.

Pessoalmente, considero que não tenho religião. Não conheço muitos aspetos da própria religião cristã. Mas, consegui ver este filme e tirar boas lições dele. Vivemos numa época em que somos cada vez mais intolerantes, especialmente no que toca a ideias diferentes das nossas. E isto é um problema a nível mundial. A discórdia de ideias causa muita vezes conflitos e ignora-se que a discussão civilizada dos mesmos seria um meio e uma oportunidade de aprendizagem. E este filme é um meio para nos levar a pensar nestes mesmos problemas, em que duas pessoas com ideias e visões completamente opostas conseguem criar laços.

Livros | Antes de Eu Partir

Paul Kalanithi é um neurocirurgião prestes a atingir o topo da carreira, quando é diagnosticado com um cancro em estado terminal. As páginas que escreve contam a sua passagem amarga e inesperada do papel de médico para o papel de paciente. O hospital onde trabalha, cujos cantos conhece bem, passa a ser estranho e impessoal quando se vê presente como doente. No consultório, acompanhado pelos seus colegas, passou a sentar-se do outro lado da mesa e a ouvir aquilo que anteriormente dizia aos seus próprios pacientes. Interessado e dedicado, durante toda a sua vida profissional, em compreender o significado da vida e da morte, agora, depara-se frente a frente com ambas.

Antes de Eu Parir está dividido em duas partes: a primeira dedica-se essencialmente à carreira profissional de Paul antes do diagnóstico de cancro no pulmão, já metastizado, e a segunda sobre o seu percurso após o diagnóstico. Este testemunho não pretende dar novas informações sobre a vida, a doença e a eventual morte, nem tão pouco procura acontecimentos milagrosos que levam a uma eventual cura. Antes pelo contrário. Aborda intimamente as suas reflexões pessoais e profissionais, sobre a vida e a morte, sobre o neurocirurgião que conviveu com ambas de perto e que depois se vê obrigado a encará-las como paciente. Uma reflexão sobre as questões da humanidade e da ética no exercício da medicina, sobre escolher uma vida sem qualidade ou a morte, sobre aceitar a doença e o fim da vida. Sobre ser um profissional de saúde.

Um livro que, apesar de se basear em temas só por si pesados, está cheio de vida, de coragem e inteligência. Recomendo!


Disponível na WOOK.

Saúde | Manutenções e mais manutenções

Desde a primeira e última publicação sobre o aparelho ortodôntico que muita coisa já aconteceu nos meus dentes. Em Dezembro, um mês depois de ter colocado o aparelho inferior, coloquei o superior e, apesar de me terem dito o contrário, foi mais difícil habituar-me ao aparelho superior do que ao inferior. Não por uma questão de dor, porque sinceramente nos primeiros dias doem os dois, mas porque me faz uma certa impressão no lábio.

Na última manutenção, em Janeiro, a pessoa já sabia para o que ia. As consultas passam a ser mais curtas porque é só trocar os elásticos. Pensava eu que por uns meses ia ser só isto. Para além da troca de elásticos, que dói um bocadinho porque um elástico novo tem sempre mais força do que os que já estamos a usar há um mês, foi-me acrescentado duas coisas novas.

A primeira foi uma mola para que pudesse abrir espaço entre o primeiro pré-molar e o primeiro molar, isto porque o segundo pré-molar, quando nasceu não tinha espaço no sitio certo, então foi parar ao palato (ou céu da boca). Então, é preciso abrir espaço entre os dois dentes para posteriormente puxá-lo para o sitio certo. E tenho cá para mim que isto vai demorar uma eternidade.

A segunda novidade foi o levantamento de mordida. Uma das partes más de já ter trabalhado numa clínica dentária é saber o que se faz e como, incluindo nas manutenções dos aparelhos. Portanto, já imaginava que não ia ser nada confortável. Isto porque o levantamento de mordida é colocar uma massa nos dentes molares para que os dentes não consigam tocar uns nos outros e assim não ficarem bloqueados para se poderem mexer e irem ao sitio certo. Então, o problema aqui foi não conseguir descansar o maxilar, o que trouxe até algumas dores de cabeça durante as duas primeiras semanas.

Agora, a poucas horas de mais uma manutenção, é esperar que o meu médico não se lembre de nada de especial hoje e começar a pensar na cor de Fevereiro.

Instagram | Alentejana pelo Mundo

Falei-vos, em tempos, de ideias que andaram a fervilhar na minha cabeça durante aqueles longos meses que tive sem vir aqui ao blog. Na verdade, ainda hoje fervilham algumas, mas todas elas vão parar a um projeto que criei com muito carinho, apesar de ainda ser bem pequenino.

Viajar é uma paixão e, sem dúvida, que a fotografia também. E nisto nasceu o @alentejanapelomundo. Uma página de Instagram onde partilho locais que visito, dentro e fora de Portugal, mas também locais bonitos e bons onde se pode encher a barriga.

Como disse, tenho algumas ideias para a evolução deste espaço mas, acima de tudo, gostava muito que me fossem lá visitar e, quem sabe, seguir e comentar.


Livros | O Rouxinol

"O Rouxinol" foi-me oferecido no Natal e, confesso que ficou alguns dias ali a olhar para mim, à espera que me desse o click. Nunca tinha lido nada de Kristin Hannah, mas fiquei fã da sua escrita fácil e nos prende a uma boa história. 

No decorrer da história, afeiçoamo-nos às personagens, vivemos as suas razões e motivações, revoltamo-nos com elas. Mais do que mais um livro sobre a II Guerra Mundial, este traz uma nova perspetiva, focada nas mulheres que lutaram na guerra contra a ocupação Nazi, contra as regras ditadas por Hitler e que eram impostas pelos comandos alemães, sobre mulheres que, sozinhas, cuidaram dos seus pertences e dos seus filhos enquanto os maridos estavam em parte incerta. É mais uma história não real, mas ainda assim não deixa de ter a sua veracidade quanto aos factos e acontecimentos reais.

É inevitável colocarmo-nos na pele das mulheres violadas, traídas, esfomeadas por puro lixo humano. Mas, felizmente, também percebemos que é em tempos de guerra que, apesar de vir à tona o pior do que o ser humano é capaz de fazer, também são nestes tempos que o melhor da Humanidade vem ao de cima. Existe sempre mais amor, mais coragem do que se imaginava ter.

Este é mais um livro para nos recordar o passado sobre o qual parece que não aprendemos nada. Para nos lembrar que ainda podemos usufruir do nosso maior bem: a nossa liberdade!